Compreendendo o autismo: conceitos e perspectivas atuais 

 

Compreendendo o autismo: muito mais do que uma busca por respostas! Entender o autismo é uma jornada que envolve desvendar as complexidades e nuances de um distúrbio que afeta milhões de pessoas em todo o mundo. 

De acordo com a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), uma em cada 160 crianças no mundo tem Transtorno do Espectro Autista (TEA).  

Nas últimas décadas, o autismo tem sido objeto de intensa pesquisa e debate, à medida que a sociedade se esforça para expandir seu conhecimento e melhorar a qualidade de vida das pessoas com autismo. 

Apesar do intenso trabalho, ainda há muitas perguntas sobre o autismo. Algumas, inclusive, mostram a falta de conhecimento sobre a condição, o que dificulta a quebra de estigmas e a promoção de uma compreensão mais profunda.   

Por isso, precisamos ter a certeza de que estamos compreendendo o autismo em todos os aspectos, desde conhecer sobre a condição, entender o que o Transtorno do Espectro Autista envolve, conhecer os direitos de pessoas autistas e desfazer ideias erradas sobre esse público. 

Parte disso, vamos falar aqui. Confira!

Compreendendo o autismo e superando estigmas e estereótipos

Os estigmas e estereótipos associados ao autismo são representações negativas ou ideias preconcebidas que não refletem a realidade das pessoas no espectro autista. 

Esses estigmas e estereótipos podem ser prejudiciais de várias maneiras:

  • limitação das expectativas: um estereótipo comum sobre o autismo é que as pessoas no espectro são todas iguais e têm limitações severas. Isso pode levar a expectativas reduzidas em relação ao potencial das pessoas com autismo, limitando suas oportunidades de aprendizado e desenvolvimento;
  • exclusão social: estigmas e estereótipos podem levar à exclusão social, uma vez que colegas, amigos e até mesmo familiares podem tratar pessoas com autismo de maneira diferente devido a equívocos sobre suas habilidades e comportamentos;
  • estresse e ansiedade: as pessoas com autismo podem enfrentar altos níveis de estresse e ansiedade devido à discriminação e à falta de compreensão em relação às suas necessidades. Essas tensões emocionais podem prejudicar seu bem-estar geral;
  • isolamento: o estigma pode levar ao isolamento social, já que as pessoas com autismo podem se sentir excluídas e desvalorizadas. Isso pode resultar em problemas de saúde mental, como depressão;
  • desvalorização de habilidades: estereótipos frequentemente desvalorizam as habilidades e talentos das pessoas com autismo. Muitas vezes, essas pessoas possuem habilidades excepcionais em áreas como matemática, música, arte e ciência, que podem ser subestimadas devido à falta de compreensão.

Como pode ver, muitas vezes alguém pode dizer que entende como são os indivíduos com TEA, mas podem estar apenas compreendendo o autismo momentaneamente ou parcialmente. 

Por isso é necessário termos especialistas no assunto, profissionais capazes de não somente ajudar o indivíduo no espectro autista, mas também conscientizar pessoas sobre o que é verdade e o que não é em relação à condição. 

À medida que a sociedade avança em sua compreensão do autismo, pode-se criar um ambiente mais inclusivo, que valoriza e apoia todas as pessoas, independentemente de sua condição neurodiversa.

Perguntas sobre autismo: esclarecendo e desmistificando 

Algumas perguntas sobre autismo podem ajudar a esclarecer as dúvidas mais comuns que as pessoas têm sobre a condição. 

Separamos cinco delas:

1. Autismo é deficiência? 

O autismo é um distúrbio. Segundo a Classificação Internacional de Doenças, CID, versão atualizada em 2023, o autismo é um transtorno, conforme já é definido há alguns anos: Transtorno do Espectro Autista – TEA.. 

De acordo com a CID-11, o TEA está classificado desta forma: 

Transtorno do espectro do autismo: 

  • sem distúrbio do desenvolvimento intelectual e com comprometimento leve ou nenhum comprometimento da linguagem funcional;
  • com distúrbio do desenvolvimento intelectual e com comprometimento leve ou nenhum comprometimento da linguagem funcional; 
  • sem distúrbio do desenvolvimento intelectual e com linguagem funcional prejudicada;
  • com distúrbio do desenvolvimento intelectual e com linguagem funcional prejudicada;
  • com distúrbio do desenvolvimento intelectual e com ausência de linguagem funcional; 
  • outro transtorno especificado do espectro do autismo; 
  • não especificado.

No entanto, para efeitos legais, de acordo com a Lei 12.764/12, é considerado deficiência, sendo, dessa forma, também amparado pela Lei 13.146/2015, a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com deficiência. 

2. Como uma pessoa com autismo enxerga o mundo? 

Pessoas com autismo enfrentam desafios na reciprocidade socioemocional, na expressão de comportamentos comunicativos não verbais e na interação social, resultando em uma maneira única de se relacionar com o mundo ao seu redor. Por exemplo, elas têm dificuldade em iniciar e manter conversas, bem como em fazer contato visual. 

Além disso, muitas vezes apresentam traços de comportamento restrito ou repetitivo, como repetição de palavras ou frases, uso não convencional de objetos, interesses intensos em tópicos específicos, aderência rígida a rotinas e sensibilidade excessiva a texturas, como tocar ou cheirar objetos de forma repetitiva. 

3. Quanto tempo dura uma crise de autismo ?

Não existe um limite de tempo específico para uma “crise de autismo” porque as crises ou episódios de comportamento desafiador podem ser desencadeados por diferentes fatores e podem variar em duração e intensidade. 

Algumas crises podem durar apenas alguns minutos, enquanto outras podem persistir por horas ou até mais. É importante entender que as crises de autismo são um sintoma de dificuldades de comunicação e regulação emocional.

4. O autismo vem do pai ou da mãe?

A causa exata do autismo ainda não é totalmente compreendida, mas acredita-se que seja resultado de uma combinação de fatores genéticos e ambientais. Não pode ser atribuído exclusivamente ao pai ou à mãe. A predisposição genética desempenha um papel importante, mas não é o único fator determinante.

5. Qual a diferença entre TEA e autismo?

TEA (Transtorno do Espectro do Autismo) é um termo mais abrangente que inclui o autismo. O autismo é um dos transtornos que faz parte do espectro do autismo. Portanto, a principal diferença é que o autismo é uma das condições dentro do TEA. 

O TEA engloba diversos transtornos do desenvolvimento infantil que apresentam dificuldades sociais. Em outras palavras, o TEA atualmente inclui o autismo, bem como outras condições, como a Síndrome de Asperger, o Transtorno Desintegrativo da Infância e o Transtorno Global do Desenvolvimento sem outra especificação.

Pesquisas e descobertas recentes sobre o TEA

Há muitos estudos e pesquisas sobre o TEA. Separamos três delas:

1. Uma ultrassonografia pré-natal de rotina no segundo trimestre pode identificar sinais precoces de Transtorno do Espectro do Autismo (TEA), segundo um novo estudo desenvolvido pela Universidade Ben-Gurion do Negev e do Centro Médico Soroka, de Israel;

2. Os dados das ondas cerebrais recolhidos durante um teste de audição realizado rotineiramente em recém-nascidos podem ajudar os médicos a detectar perturbações do desenvolvimento neurológico, como o autismo na primeira infância, de acordo com um novo estudo da Universidade Rutgers, dos Estados Unidos;

3. Pesquisadores da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, estão utilizando inteligência artificial para tentar identificar o autismo através da análise de exames cerebrais. O estudo foi publicado no Journal Biologic Psychiatric

Os pesquisadores explicam que desenvolveram um algoritmo que analisa os dados provenientes de exames de ressonância magnética funcional, que registram os padrões de atividade neural em todo o cérebro. Ao mapear essa atividade ao longo do tempo em diversas regiões cerebrais, o algoritmo cria “impressões digitais” da atividade neural. 

Entre os resultados, eles  conseguiram mapear traços da gravidade dos principais déficits sociais e de comunicação, mas não de comportamentos restritos/repetitivos no TEA.

Esperamos que tenha gostado dos temas tratados aqui. Temos muitos outros conteúdos sobre autismo e TEA em nosso blog, aproveite a leitura!

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